França: Uma Odisséia Perdida No Espaço
Tudo começou no Portão de Embarque Internacional do aeroporto de Guarulhos, São Paulo, BRASIL.
Na foto (encaminhada em anexo) vemos nosso herói com uma cara de sacana, mas orgulhoso por portar o cartão de embarque rumo à França, (na verdade Itália, mas parada de transito não conta). Também podemos perceber a alegria incontrolável de seu parceiro inseparável, amigo para todas as horas e cordas que servem como ombro amigo.
Depois de passar, (com um pouco de sufoco), pelo detector de metais, por um breve papinho com um policial admirador da arte musical e pelas belezas da compra sem impostos, oferecidas sempre no velho e decadente dólar. Nosso personagem principal viu-se diante de um enorme pássaro metálico, que respondia pelo nome de avião.
Após esperar um tempo, afinal a companhia aérea resolveu fazer o embarque em três fases. Primeiro embarcariam as famílias com crianças pequenas, (essas belezinhas sempre nos poupam um bocado de tempo), depois os passageiros que possuíam reservas para a parte de trás do grande pássaro e enfim, os mortais restantes, entre estes, nosso exemplo de força de vontade e seu inseparável aliado. Ah claro, a primeira classe teve um embarque especial.
Ao entrar na ave cinza os atores deste episódio de: “A vida como ela é” foram obrigados a se separar. O encordoado se deu bem e foi prontamente abraçado por uma bela italiana que trajava um modelito arrojado. Ela certamente teve aulas de moda, pois seu vestido verde combinava perfeitamente com suas sandálias pretas, com a maquiagem que salientava seus traços de ragazza e principalmente, mas principalmente, com o chapéu que completava seu penteado, aumentando assim todo o mistério acerca desta mulher.
Foi então que alguém disse: “Bela aeromoça”. Este recebeu uma resposta digna, de um passageiro conhecido como Matheus, Vicente Matheus: “Arauja! Arauja! No mar é maruja, então no ar é Arauja.(hahaha essa não teve graça).
Mas voltemos à sinopse da aventura principal.
Já se passava das 15:30 quando o tal avião passou a se mover lentamente. Gradativamente ele ia caminhando mais veloz, quando como por milagre, aquele monstro metálico, pesando muitas toneladas, (só o gordo da poltrona ao lado colaborou com pelo menos uma), levantou do chão. Era como se Rudolph, a rena do nariz vermelho estivesse presente neste momento tão sublime.
Como de praxe, as aeromoças fizeram uma sincera demonstração de elasticidade e interpretação teatral para instruir todos presentes a maneira como deveriam agir caso Rudolph, a rena ajudante de Papai Noel, resolvesse abandonar o barco, ops, a grande ave metálica.
A essa altura nosso Dalai Lama já estava a conversar com seus companheiros de vôo, um paulista que ia a Milão buscar a infelicidade, afinal, morar com a sogra? Ninguém merece! E uma gaúcha tri legal, que rumava a Barcelona, buscando sua pós-graduação em administração de empresas.
Com a viagem em andamento foi constatado que a empresa criadora dos livros: “Como falar tudo em...”, com certeza ganha muito dinheiro. Isso foi percebido pois cada um nessa enorme fileira de três acentos empunhava um desses exemplares.
Falando em enorme, como é enorme esse tal de Oceano Atlântico. Não havia mandinga que o fizesse sumir do mapa, ou melhor, da tela. Pois em cada poltrona existe uma telinha para distrair o passageiro durante a interminável viagem, mas, dica: Não deixe no canal de localização, pois qualquer um fica irritado vendo a cada minuto, que ainda faltam muitas horas a percorrer. E como não criar um certo ódio dessa gigante faixa azul? Então, toca pro canal de joguinhos, ou pros filmes, ou puxa a mesinha de refeição e tira uma soneca.
Comida de avião? Sempre igual. Sem gosto, sem consistência e sem espaço suficiente para abrir as asas e comer livremente.
Neste momento o paulista foi de suma importância para esta epopéia, só ele e seu italiano para salvar nosso Rei Leão e a Gaúcha tri legal. Como seria difícil pedir educadamente outro copo de água e um cafezinho digestivo sem o conhecimento do paulista. Tal conhecimento sobre a língua da terra da massa, que possui uma torre tombada com nome de Pizza, fez muita falta ao chegar em Milão.
Enquanto o paulista falador de italiano rumava ao portão de saída, “feliz” da vida em busca da sogra, nosso desbravador e sua colega gaúcha rumavam ao setor de passageiros em transito, onde passariam por mais uma seção de raio x nas bagagens, (coitado do encordoado, que neste momento retorna a esse eletrizante épico), pela simpatia do policial maledeto, (que deve ter um grande problema em acordar cedo), pelo incansável bater de carimbo nos passaportes e por uma enorme fila de banheiro.
Agora imaginem esse árduo caminho, sem falar caspita nenhuma em italiano! Para a gaúcha tri legal e nosso Dom Quixote isso rendeu boas risadas.
Depois desta Via Sacra realizada, bexiga esvaziada, beijos, abraços, apertos de mãos e braços sendo abanados a distância. Nosso Maomé perde a companhia da gaúcha tri legal.
Após rumar ao seu portão de embarque, nosso Elvis Presley se depara com o tão cruééééééél (essa só a Paula vai entender) Euro.
A sede já era grande, (nunca vi servirem copos tão pequenos, só avião mesmo), por sorte uma cafeteria se fazia presente no saguão de embarque, uma garrafa de água foi adquirida por nosso Mestre dos Magos pelo “singelo” valor de 1,50 Euros, algo próximo dos 4 reais e 50 centavos. (O Papa deve ter passado por ali e abençoado essas garrafas).
Nossos valentes companheiros ficaram de bobeira durante um tempo à espera de uma nova ave metálica, esta os levaria à seu destino final: Lyon-FR.
Embarque realizado, encordoado novamente separado. Mas desta vez, não mais um enorme pássaro cinza, mas sim uma andorinha, (vide a pomba gira do Parque D. Pedro). A demonstração de elasticidade foi trocada por uma aula de contorcionismo, lecionada por um boiolinha que tomara lugar da bela ragazza.
A partir deste vôo uma nova modalidade de turbulência foi criada, a “Gutolência”, isto porque nosso Che Guevara ficou tão deslumbrado com a beleza dos Alpes que corria de um lado a outro da aeronave à procura da vista perfeita.
Ao ser anunciada a preparação para o pouso do periquito anoréxico todos colocaram suas poltronas na posição vertical, apertaram seus cintos e o Guto? Bom, o Guto parou de correr.
Pouso realizado com êxito, porém nem um pouco suave. Mas tudo bem, nosso ícone já passou por situações mais assustadoras a bordo de seu skate, ou sobre sua bicicleta, (quando realizou a incrível proeza de atropelar um Fiesta).
Pardalzinho estacionado, era hora de pisar pela primeira vez em terreno francês, torcer para que as malas estivessem na esteira, (o mala principal já estava presente) e torcer para que o setor de imigração fosse transpassado com excelência. Mas...primeiro mico.
Como desenganchar um carrinho do outro? Nosso Chico Buarque caipira logo entendeu que era preciso uma moeda de 1 euro para soltar os preciosos carrinhos carregadores de bagagem. Maldita garçonete de Milão, além de cobrar uma fortuna pela água não serviu nem para me dar de troco uma moeda de 1 euro.
Era o momento de por em prova todo o conhecimento obtido no curso de francês. Teria sido válido? Nosso Mestre Splinter conseguiria ajuda para sair desta situação complicada?
Voilà !!!!
Nosso Cavaleiro do Zodiaco se saiu muito bem pedindo ajuda, sendo ajudado e pagando outro mico. A moeda tem de ser colocada na trava do carrinho de maneira que depois seja possível pega-la de volta, tentar coloca-la a força como se fosse preciso fazer a trava engolir tão precioso dinheiro é pagar um king kong. (Essa é pra Yvone ensinar em sala de aula).
Setor de imigração?
Não existia esse setor, pelo menos não nesse aeroporto, não que nosso Silvio Santos tenha visto.
Malas à mão, mochila nas costas e violão afinado caminhando rumo ao desconhecido. Nada de policiais armados até os dentes. Nada de seguranças armários sedentos para abrir suas bagagens à procura de suas roupas intimas.
Chegando à porta de desembarque nenhuma festa com Dançarinas Árabes que desconhecem o prazer, Escolas de Samba ou recepção de gala. Apenas um brasileiro, Paulo, marido de Lucia, pai de Daphne e Renan, (Renan se encontra no Canadá).
Esta maravilhosa família tupiniquim se ofereceu para alojar temporariamente nosso Aristóteles, até que ele encontrasse outro lugar para irradiar sua luz e espalhar sua simpatia.
Mas vamos a mais aventuras.
Passados alguns dias nosso Gonzaguinha do Sudeste já está habituado com sua nova cidade. Andar de ônibus, rodar pelo centro e cruzar o Rhône já não são aventuras. Não que tenha sido fácil, por diversos momentos nosso visionário brasileiro mais se parecia Steve Wonder, pois de tanto olhar ao redor degustando as belezas medievais ficava parecendo um cego em tiroteio e em diversas ocasiões expunha seu físico aos perigos dos postes assassinos.
L’Université Lumière Lyon 2 et L’institut des Sciences et Pratiques d’Education et de Formation (ISPEF) ,(foto em anexo), não são mais o desconhecido.
Ver a equipe de Lyon dar um sacode nos galácticos do Real Madri, comer um Kebab (lanche feito com uma carne meio estranha, típico por aqui, mas originário do Líbano), pedir uma cerveja em um dos N bares ao redor da Fac ou lanchar sentado na praça Bellecour não produzem mais novidades. Por isso nosso Messias já pode ser considerado um quase francês.
Além de receber muito conhecimento nesses primeiros dias, nosso descobridor dos 7 mares também conheceu muita gente interessante. Alguns franceses que adoram a camisa da seleção canarinho e outros que já estiveram na Universidade Federal de Pernambuco e por isso falam o português com um doce sotaque da terrinha.
Mas nosso tri-atleta, (que tem andado pra caramba), ainda encontra algumas surpresas pelo árduo caminho da vida francesa. Como um cachorro passeando em plena Fenac junto a seu dono, (que loja maravilhosa, 3 andares de oportunidades e raridades da música brasileira).
Reza a lenda que os franceses preferem cachorros do que crianças. Aqui é possível encontra-los sentados nas cadeiras dos restaurantes, aproveitando o tempo livre para fazer uma visita à farmácia e até descansando ao pé do refrigerador da padaria.
E por falar em refrigerador. Já está na hora de ligarem esse negócio por aqui. Nosso Guia Tropical trouxe um monte de roupa de frio, mas até agora nem um moletonzinho saiu da mala pra contar história.
Bom,
Vou parando por aqui, acredito que este boletim seja suficiente para que todos passem a querer nosso líder espiritual cada vez mais longe.
ALGUMAS RESPOSTAS IMPORTANTES:
sim mãe, to escovando os dentes antes de dormir
sim, os franceses tomam banho
sim, as mulheres (lindas por sinal) depilam as axilas
sim, pai eu vou estudar
não, ainda não sei onde compra esse tal de juízo!!!!
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